segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Por aqui...


Faz já algum tempo que não se pratica a escrita por estes lados da blogoesfera. Pois a verdade é que não haverá muito a dizer, um ou outro apontamento que apenas partilhei com os que me são mais próximos. Não serei derrotista ao ponto de dizer que minha vida se resume a uma monotonia circadiana cadenciada pelo “salto” diário do sol de Este para Oeste.
Por aqui luta-se, desespera-se, por vezes espera-se não se sabe bem de quê. Chegou a minha vez de enfrentar o “Adamastor” como refiro há uns posts atrás neste mesmo blog. Tal assunto sempre me pareceu bastante mitificado por quem já o tinha tentado “dobrar”! Para mim já não é mais um mito, é bem real e está bem à minha frente!!
Tudo se resume a um dia, a umas horas, podem ser horas felizes ou infelizes. Mas o que se passa até lá chegar é tortuoso, utilizando um jargão popular, “tem dias!” Tem dias, é isso mesmo, acho ser mesmo a expressão mais ajustada. Em praticamente três meses de estudo, mais ou menos intensivo, com mais ou menos vontade, atingindo um maior ou menor grau de saturação, lá se vai acumulando conhecimento. Lêem-se linhas e linhas a perder de vista, de textos técnicos, onde já nem eu sei o que li nem onde o li quando a memória me é solicitada. Perde-se o rumo – sei que já li qualquer coisa sobre isso, mas não sei onde – assim me vejo obrigado a responder a colegas que me abordam ou vice versa.
Conceitos sem fim, muitos deles para ser sincero muito pouco conceptualizáveis, estudam-se coisas que ninguém ainda sabe muito bem para que servem nem como funcionam, máquina estranha esta do corpo humano! Coisa estranha também, esta curiosidade minuciosa do Homem em querer “à força” arranjar uma explicação para tudo! Não estou de todo a criticar, eu próprio sou assim.
Estuda-se para reduzir a taxa de sorte para o sucesso, única e exclusivamente isso. Já percebi que não dá para saber tudo, penso ser humanamente impossível. Todos os dias se aprendem e se esquecem conceitos, parece que não dá para dormir, o que se aprende num dia, parece que no outro dia já lá não está. A capacidade de “empacotar” conceitos tem os seus limites, e neste caso, a coisa funciona por insistência, não passa por ler uma, duas, três vezes, é preciso mais, e mais, repetir e voltar a repetir. O único problema no meio disto tudo é que o dia só tem 24 horas, o que me causa imenso transtorno por sinal, pois não tenho o tal tempo para ... repetir!
Ainda não fiz conta ao que li, mas seguramente já ultrapassou bastante as duas mil páginas, algumas já levam uma terceira volta, reparava isso hoje aquando de uma nova repetição, folheava as páginas sem ter mais cores nas canetas que me rodeavam para sublinhar novos pormenores. A coisa tornava-se redundante, e o “folclore” de notas de roda pé feitas a várias cores era de tal ordem, que fui obrigado a recorrer às folhas em branco, ao bom estilo de uma qualquer adenda!! O espaço físico para memorizar, assim como o tempo de que disponho escasseiam, vão-me “escorregando” por entre os dedos ou melhor dizendo, por entre as falanges, para ser mais exacto.
Um deste dias, quando dava por mim a desesperar, uma amiga mostrou-me um poema de RUDYARD KIPLING intitulado “Se”. Ajustou-se plenamente ao que vai cá dentro.
Por aqui luta-se, por aqui desepera-se, por aqui ganha-se confiança nuns dias, perde-se noutros...por aqui a coisa é mais difícil não só em termos profissionais, esses superam-se com maior ou menor esforço, por aqui a coisa torna-se mais difícil em termos emocionais. Quando apenas podemos recorrer a nós mesmos, ainda que esse “nós” já não nos tenha muito mais para dar. Por aqui fazem-se contas vãs à matéria estudada e à que está por estudar, fazem-se planos de estudo muitas vezes irreais, inconcretizáveis. Por aqui é assim que se passam os ciclos circadianos. Hoje terminei mais um, irei dormir dentro em breve para começar outro amanhã. Um dia destes ouvi uma frase sábia que dizia, “the rain will fall, the grass will go green, and life... will begin again!" Assim continuará a ser indubitavelmente.
Por aqui, espera-se que depois da chuva a relva possa crescer e com ela a esperança renasça. Por aqui, espera-se um pouco de sorte na dita hora decisiva!!!

Se
"Se podes conservar o teu bom senso e a calma
No mundo a delirar para quem o louco és tu...
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê...Se vais faminto e nu,

Trilhando sem revolta um rumo solitário...
Se à torva intolerância, à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão...

Se podes dizer bem de quem te calunia...
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
(Mas sem a afectação de um santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)...

Se podes esperar sem fatigar a esperança...
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho...
Fazer do pensamento um arco de aliança,
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...

Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores...
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores...

Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste...

Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,
Voltares ao princípio a construir de novo...

Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar avante...

Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre...
Se vivendo entre os reis, conservas a humildade...
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade...

Se quem conta contigo encontra mais que a conta...
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraie em séculos fecundos...

Então, há ser sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!...
Mas, ainda para além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.

Pairando numa esfera acima deste plano,
Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um homem!..."

RUDYARD KIPLING

7 comentários:

Anónimo disse...

Por aí...
O poema ajusta-se a si, à situação que vive. O trabalho ajusta-se ao sucesso, ou o sucesso ao trabalho???
É comum dizer-se que "ter sorte dá muito trabalho". É verdade. O trabalho está a ser feito, logo, viá a sorte - já tem muita amigo -

Desejo-lhe o maior sucesso.

Politikos disse...

Caríssimo Uch
Morreram muitos até se dobrar o cabo... Há, pois, que porfiar e tentar sempre, por muito espinhosa que seja a navegação e por muitas tempestades e até mesmo naufrágios que aconteçam...
O Uch sabe tão bem como eu que a capacidade humana não se mede pela quantidade de bits que consegue debitar. É muito mais que isso... É analisar, interpretar, relacionar... Infelizmente, porém, a empreitada que tem em mãos - E TEM DE A FAZER E VAI FAZÊ-LA - é da ordem dos bits e dos bytes... E
com maior ou menor dificuldade vai dobrar o cabo, nem duvide disso...
Eu não duvido.
Abç

Anónimo disse...

EU TAMBÉM NÃO!!!

Anónimo disse...

Por aí...

Houve trabalho!!!
Houve sorte???

Anónimo disse...

Por aí...

Houve trabalho!!!
Houve sorte???

Politikos disse...

Respondendo ao Anónimo, pelo Uch, que anda um bocado preguiçoso na escrita aqui por estes lados, eu acho que houve claramente trabalho, e muito, e como em tudo certamente uma pitada de sorte...

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.