quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Direita, esquerda ... volver!

Durante esta minha última breve passagem por terras lusitanas tive a oportunidade de privar num almoço com um grupo vernáculo de cinquentenários, sexagenários e septuagenários. Durante o dito almoço veio à conversa o tema Partido Socialista, onde um adepto ferveroso da esquerda me dizia que o dito partido faria parte do “centro” político do nosso país. A controvérsia começou quando afirmei que o PS não podia ser o “centro” político de Portugal. A política socialista não é por definição uma política centrista mas sim uma política esquerdista, contudo, e como é apanágio em Portugal cabe ao PS fazer esse papel, que diga-se de passagem fá-lo bastante mal, o grupo parlamentar em Portugal não tem nenhum partido que faça a charneira entre a esquerda e a direita parlamentar, se é que ainda se conseguem distinguir uma da outra. Ora, o PS tenta em Portugal “andar no fio da navalha” o que é bastante difícil e não está ao alcance de todos, quer ao nível pessoal, quer ao nível institucional (neste caso partidário). Entre argumentos e dialécticas Marxistas-Leninistas trocadas pelos dois, não consegui convencer o “camarada” desta minha posição. A política do dito partido aproxima-se de uma política de direita neste momento com umas leves tentativas de rectificação à esquerda. Está para mim mais perto de ser um partido centrista, embora de centro-direita o PSD do que o próprio PS que apenas revela incoerências ideológicas por parte das pessoas que o dirigem. É que com o PS os portugueses nunca sabem com o que contam, se a política tende para um lado ou para o outro desse mesmo fio da navalha. O PS tenta fazer o papel de moderador de debates tipo Miguel Sousa Tavares e Constança Cunha e Sá ora personificando o carácter de um, ora de outro. Falta uma ideologia, falta uma liderança, falta um conhecimento da tal dialéctica esquerdista, falta um socialismo.
Já sei que este post vai gerar polémica aqui na blogosfera, por parte de alguns leitores atentos e com imparcialidade duvidosa. O dito e ilustre “camarada” não é comentador por estas bandas, mas sei que a ideia lhe vai chegar às mãos, ficarei à espera do seu comentário pessoal.

5 comentários:

Anónimo disse...

É pena não poder ouvir as Declarações de Manuel Alegre. Ele quer sair do "Fio da Navalha" e ocupar o espaço socialista que é hoje, palavras dele "UM BURACO ESCURO". Agora, penso, que a corrente capitalista é demasiado forte para o idealismo a conseguir combater. Diz o mesmo estar disposta a ir às urnas. Como? Mas vem confirmar a sua ideia de ausencia de SOCIALISMO" num partido socialista. Esperemos para vêr, mas já não acredito em nada. Só que, criticas gerais, o nosso país está a afundar-se!!!

Politikos disse...

Caro Uchidesh
O que pessoalmente me admira no actual enquadramento é a postura amorfa de todo o partido. Note que o Alegre, de que fala o Shodan, era, há 30 anos, a ala direita do PS. Hoje é a ala esquerda. Há realmente um certo idealismo em Alegre, mas é um idealismo poético, aburguesado, «avelhado», entre as Purddy e as caçadas. O triste é que os mais capazes se entretenham a ganhar dinheiro nas empresas e a branquear as políticas de Sócrates nos noticiários de segunda-feira. Quando um dia quiserem não vão ter quem os apoie. E o PS vai pagar caro este estado de coisas. Hei-de morrer e nunca mais verei uma maioria absoluta desse partido.

Uchideshi disse...

Caro Shodan,
Neste momento é-me difícil acompanhar a política interna portuguesa. Todos sabemos que Manuel Alegre sempre foi um idealista, coisa do tipo poeta/político (note-se que escrevi politico com C, pois não quero ferir susceptibilidades) o que que não combina muito com o pragmatismo governamental que o país precisa neste momento, talvez lhe falte um bocadinho de António Vitorino por exemplo. Agora a ausência de um socialismo no nosso país é sem dúvida evidente.

Uchideshi disse...

Caro Politikos,
Penso que com o comentário a Shodan acabei por responder ao seu. A parte do poeta/político não a considere plágio, só reparei no que escreveu depois de responder a Shodan, menos mal parece que desta vez estamos de acordo ;) Quanto ao facto da utilização de cargos políticos para usufruir de privilégios no mercado privado, que posso eu comentar?! Apenas que me entristece ver o país onde nasci cada vez mais próximo dos estereótipos dos países sul-americanos... Deixe-me acrescentar que também perdi a esperança de voltar a ver uma maioria absoluta do PS, aliás penso ser um partido que para governar só é funcional com maiorias relativas, pois não sabe andar no tal fio da navalha, precisa sempre de um apoio ora à esquerda, ora à direita.

Politikos disse...

Meu caro Uchideshi
Ainda bem que não concordamos. Já viu se gostássemos todos do «amarelo».
Estou de acordo consigo no que se refere às «maiorias absolutas». Isso para mim é para acabar.
Não estou de acordo consigo no que refere sobre «a utilização de cargos políticos para usufruir de privilégios no mercado privado». Isso aconteceu nalguns casos, mas não é a totalidade, nem a maioria, nem um terço, nem um quarto, nem um quinto, nem por aí adiante...
Veja, por exemplo, uma classe que Vexa conhece bem: os médicos... Os que estão no sistema público e simultaneamente no privado?! Verá que as percentagens são muito maiores. E naqueles que estando no público, mandam a «malta» fazer exames, cirurgias, consultas às suas clínicas privadas... E ninguém diz que os médicos são todos corruptos. É injusto generalizar isso à classe política. Também não acho que o nosso país esteja mais próximo dos estereótipos dos países sul-americanos... Não exageremos, meu caro, não exageremos.
Grande abraço para si